30 novembro, 2006

Boa governação?

O orçamento do aeroporto da Ota, como se esperava, já derrapou. Porque a sua entrada em funcionamento foi atrasada de 2012 para 2017, porque o movimento previsto aumentou de 20%, a previsão de custos passa de 3,1 milhões de euros para não sei quanto, é omitido na notícia do Público. No mínimo, vou admitir que os tais 20%.

Entretanto, em notícia que já não consigo localizar, anuncia-se que a Portela vai ser reforçada a curto prazo com obras, se não me falha a memória, de cerca de 400 milhões de euros, para o lixo depois da Ota: um novo terminal, o dobro das placas de estacionamento, o triplo das mangas. Só quem não viaja frequentemente de avião é que pode negar a necessidade urgente deste investimento, mas o que motiva esta escrita é outra questão.

Temos nós, portugueses, um défice nato para o planeamento e a previsão? Até parece que sim. Somos especialistas do desenrascanço, que, por definição, é a antítese do planeamento. O novo aeroporto de Lisboa vem na agenda política ainda dos tempos do marcelismo. Compreensivelmente, os anos pós-Abril não permitiram grandes empreendimentos, mas, depois, veio a fonte comunitária para a euforia de obras públicas do tempo cavaquista. No essencial, tudo auto-estradas, dão votos. Hoje temos uma rede provavelmente das de maior densidade europeia, mas nunca se pensou no aeroporto.

Outro exemplo notório foi o custo exorbitante da modernização ranhosa da linha ferroviária do Norte, em que continuamos a viajar à velocidade dos velhos Foguete, quando, na altura, já havia TGV em vários países. Quando hoje se fala no nosso futuro TGV, é preciso adicionar ambos os custos, porque os pagámos ambos, e responsabilizar alguém. Mas quem? Foram sucessivos governos. Podia dizer: responsabilizemos todos os que têm a culpa da nossa incapacidade de previsão e de planeamento. Mas quem são? Não seremos todos nós? Com isto, passando à minha actual missão de vida principal, a grande prioridade nacional não é a educação e, determinante de todo o sistema educativo, a educação superior?

Este país tem medo de existir? A questão hoje começa a ser outra, mais dramática: este pais quer existir? "That's the globalization, stupid!".

2 comentários:

M.C.R. disse...

Pergunta ingénua de um passageiro ignorante: Se é verdade que o actual sistema prmitirá brevissimamente uma duração de 2h30m pelo percurso Lisboa Porto quantos minutos se ganharão com o denominado TGV portugu~es. E já nem pergunto se esse TGV é apenas Porto Lisboa ou se para no caminho. Porque se assim for bem gostaria de saber o seguinte no percurso Lx-Por havendo 2 paragens (Coimbra e Aveiro ou Santarém ou Leiria) a que velocidade poderá circular o TGV e quando é começa a travar para parar.
Nem sequer pergunto o que sucederá no outro o do Porto vigo. estou com cieiro nos lábios não me posso rir.

Anónimo disse...

Não sei quanto ganhará em Portugal, mas o AVE (TGV espanhol) faz 1h30 de Madrid a Saragoça. Pouco mais ou menos a distância de Lisboa ao Porto.