Suscitadas pela leitura do Público de hoje, leitura obrigatória – mas já não com o mesmo gosto da do Público dos tempos iniciais.
1. Ramalho Eanes doutorou-se pela Universidade de Navarra. Deve ser caso raro, um ex-presidente doutorar-se, já adiantado na casa dos sessenta, se já não entrado na dos setenta. Mas porquê em Navarra? À primeira vista, preferia um doutoramento em Portugal. No entanto, pergunto-me se seria possível uma tese com forte conteúdo politico, escrita por quem foi, ser apreciada em Portugal com total isenção académica.
2. O sultão de Omã, implicitamente, reconhece Israel, defendendo que "a coexistência pacífica entre nações pode gerar prosperidade para a humanidade". Palavras sensatas que, até agora, no mundo árabe, só fazem doutrina no Egipto e na Jordânia. A resolução do conflito israelo-palestiniano precisa disto, que também terá efeitos limitadores na atitude israelita, hoje fortalecida pela intolerância da maioria dos países árabes.
3. O Papa também manifesta a sua discordância com o uso do véu integral islâmico nas sociedades ocidentais. O caso começou, em Inglaterra, com uma professora, o que coloca o problema noutra esfera, não só a política. Não é admissível o uso desse véu, pedagogicamente. O ensino é comunicação plena e exigente, oralidade, expressão, atitude corporal. Como é possível ensinar-se e comunicar só com os olhos? A professora foi bem demitida, não digo que em termos políticos, mas em termos profissionais.
4. O Museu de Arte Antiga adquiriu um Ecce Homo de Frei Carlos, não sei por que valor. Parabéns. Em tempos de constrição orçamental, ainda vai havendo algum dinheiro para coisas destas. "Há mais vida para alem do orçamento".
5. Isabel II pronunciou o discurso do trono. Não sei se já alguma vez viram isto na televisão. Coroa na cabeça, discurso aos lordes, na respectiva câmara, todos ataviados. O deputados, os comuns, com o primeiro ministro à frente, batem à porta e pedem licença para ouvir, amontoando-se em pé à entrada da sala. A monarquia britânica pode render muito em receitas turísticas, mas não há dúvida de que é muito anacrónica.
6. Contra o exagero de cuidados médicos intempestivos, o Nufield Council of Bioethics, inglês, recomenda que não se prestem cuidados a prematuros com reduzidas probabilidades de sobrevivência. A minha família está comprometida com a minha firme vontade de não querer ser reanimado se tiver a pouca sorte de sofrer uma paragem cardíaca com alguns minutos de duração. Antes morto do que vegetativo.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
1. Parece que havia 2 portugueses no juri. Provavelmente seriam os únicos a poder fazer ideia segura do relatado por Eanes. Por outro lado, não penso que um juri todo português, em Portugal, fosse capaz de falta de isenção. Isso é com os vulgares doutorandos nunca com um ex-presidente.
2 a intolerãncia árabe alimenta-se da homónima judaica e vice-versa. E isso vem desde os anos da guerra que precederam o ano da independencia de Israel, 1948.
3 De acordo. Todavia há muitas maneiras de usar o véu e a maioria das mulheres muçulmanas mostram todo o rosto só tapando os cabelos. Como as nossas freiras... comove-me a solicitude do Papa e gostaria de saber o que ele oensa sobre os crucifixos nas escolas ou o uso da kippa pelos judeus ortodoxos...
4 Boa compra!
5 eu acho todas as monarquias anacrónicas. Mesmo aquelas nórdicas onde o rei é tão só um presidente vitalício da república.
6 Como é que se torna clara essa opção de não ser assistido? Basta um recado ou temos de, uma vez mais, preencher uma pipa de documentos no notário, pagar forte e feio e esperar tempos infinitos?
epílogo: eu tenho um receio tremendo da fam´lia porque aparece sempre alguém que sustenta que o doente terminal teria mostrado vontade de viver, de ser enterrado cristãmente etc...
Enviar um comentário