21 maio, 2008

Nota gastronómica (LVI)

Catembe

Há largos anos, quando vivi temporariamente em Angola, fazia-me impressão o hábito de colonos recentes (não os das “gloriosas famílias” do Pepetela), mais ricos do que educados, de pedir no restaurante um bom tinto do Puto e beberem-no com 7 Up. Mais tarde, um frequente convidado meu, também retornado, pedia-me sempre duas pedras de gelo para pôr no copo de vinho tinto, que eu tinha “chambré” com esmero.

Por isto, franzi o nariz há dias, quando uma amiga angolana misturou vinho tinto e coca-cola. Resolvi depois provar, claro que com um tinto corrente e, para mal dos meus pecados diabéticos, com uma cola zero. Fiquei surpreendido, é um bom cocktail, melhor do que o Cuba Libre. Para os africanos, chama-se catembe, em honra da ilha turística próxima de Maputo. Terá sido inventado num dos hotéis ou bares do Catembe?

1 comentário:

septuagenário disse...

O hábito do CATEMBE, veio efectivamente de Moçambique para Angola, na última meia dúzia de anos antes de os colonos se transformarem em retornados.

Os africanos dos muceques e os colonos de longa duração, foram aqueles que absorveram esse hábito, sem nenhuma restrição, e com toda a devoção.

Mas logo em seguida, os colonos com 1 ano de vigência ou com vinte, já iam adotando essa bebida em certas horas de canícula.

Para os bailundos e bacongos os brancos parecem todos iguais. São todos colonos.

A única diferença que os negros encontravam nos brancos era na hora de comer o funge. Se comiam à mão,eram educados, se com garfo, eram ricos.

Não sei se Pepetela já leva a mão ao tacho.