Como não sou crente, parece-me que é lógico fazer o que normalmente faço, não criticar as posições da Igreja em matéria de crenças morais dos católicos, desde que não sejam posições políticas ou que afectem toda a gente. De resto, é matéria privada dos católicos. No entanto, por vezes, há coisas de tal forma chocantes ou ofensivas da inteligência que me fazem falar.
A moral sexual é uma obsessão do Vaticano. Parece que já vem dos primórdios da cultura judaico-cristã, embora os escritos de Salomão não sejam um modelo de puritanismo. Sabe-se que essa moral oficial não é seguida por enorme percentagem de crentes, provavelmente a maioria, o que contradiz a velha máxima de que não se deve aprovar uma lei que não será cumprida, o que desprestigia todo o edifício legal. Anteontem, no 40º aniversário da encíclica “Humanae vitae”, Bento XVI não retirou uma vírgula à posição oficial. Mais, reforçou o anátema destes últimos anos contra todas as conquistas médicas, fascinantes, de dar a felicidade e a realização de vida da paternidade/maternidade a quem não a consegue por meios naturais.
Mas o que quero focar, porque tudo isto já é de esperar, é uma declaração espantosa: “Nenhuma técnica mecânica pode substituir o acto de amor que duas pessoas casadas trocam”. Não falo das técnicas mecânicas, até porque não sei bem o que isto quer dizer. Aceito também que um filho desejado e concebido num acto de muito amor é coisa bem bonita, embora não indispensável. Agora o que não consigo perceber de todo é em que é que difere um acto de amor de pessoas casadas de um acto de pessoas que, simplesmente, se amam, seja lá qual for o seu estado.
Não seria tudo bem diferente se não houvesse o celibato sacerdotal?
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