18 maio, 2008

Astronauta

Volta e meia, por causa de coincidências noticiosas, dão-me crises agudas de desconstrução.
Num intervalo dos meus mais recentes "lazeres" andava eu, despreocupadamente, a ler a última do blog de Campus, um diferendo entre os sindicatos e o MCTES. Fui confirmar pela blogosfera afora, e encontrei mais informação, sobre este tema, no Público, via blog Que Universidade? (aqui) e depois no Diário de Notícias (aqui).
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Impressionou-me muitíssimo o ultimato feito pelos sindicatos porque, de uma forma geral, mesmo não subscrevendo, na generalidade, as suas metodologias e argumentações reconheço ser pouco defensável manterem-se cerca de 12 a 13 mil pessoas em "suspense", acerca do seu futuro. Penso mesmo ser inaceitável pelo desrespeito longamente evidenciado. Pior, fiquei fiquei realmente estarrecida com uma frase do texto do Diário de Notícias, subscrito por Céu Neves, pelo qual ficámos a saber que: O Senhor Ministro Mariano Gago "está sempre disponível para dialogar com as estruturas sindicais sempre que exista matéria para tal."

Quer dizer que o Senhor Ministro acha então irrelevante manter, durante quase um ano, milhares dos seus próprios colegas, salvo(s) seja(m), em Banho Maria sobre assuntos como a estabilidade profissional?
Durante um ano, não teve então, o senhor Ministro, uma nesguinha de tempo, para esclarecer o seus pares sobre o seu pensamento de futuro da Educação Terciária, mas encontrou tempo para uma actividade indispensável - comparecer na sessão de apresentação, no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, do Concurso que a ESA abriu nos seus países membros para recrutar (acreditem-me!) novos astronautas.
Se não o livram de tentações, aposto que irá conseguir "desgrudar mais uma grana", além das quotas anuais, para a ESA, à custa de outro qualquer desinvestimento na Educação Terciária, para financiar, isto é, oferecer, umas quantas viagens espaciais a uns quantos sonhadores mas, entretanto, não investe um cêntimo, que seja, no planeamento do futuro da Educação em Portugal.
Raça de azar, mas em que pau fomos nós amarrar a égua...
Por outro lado, não vivemos já quase todos na Lua?

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