O Público costuma ser meu bombo de festa, nestas notas. É natural, para quem desde muito jovem tem o hábito absoluto de comprar diariamente um jornal. Diz asneiras, tem erros incríveis factuais ou de português, mas, comparado com o DN, ainda tem maior frescura e vivacidade. Lá o vou comprando.
Uma coisa interessante do jornal, e positiva, do mal o menos, é algum compromisso entre director e redacção (ou talvez entre a margem de manobra do director e as orientações do patrão). Em geral, no domínio do noticioso e do comentário, o jornal parece-me de um pluralismo objectivo e equilibrado. Diferente é a situação do que costuma ser domínio do director, a secção de opinião.
José Manuel Fernandes (JMF) garante uma gama de opinadores permanentes de extensão satisfatória, com Júdice à direita, Vital Moreira muito identificado com o actual governo, António Vilarigues “his master voice” do PCP. Diferente é o domínio de controlo de JMF. Começa pelos editoriais, do mais conservador, liberal de direita, neocon. Depois, a selecção de artigos de opinião avulsos. Ainda hoje, como frequentemente, são exemplo das posições mais retrógradas em relação a problemas societais modernos. Hoje é sobre a eutanásia, mas já tem sido em relação ao casamento de homossexuais, ao divórcio, ao aborto. Visto nesta perspectiva, o Público seria bem aceite como jornal oficioso do Opus Dei. Ai, jovens maoístas convertidos em entradotes ao charme discreto da burguesia!
Nota - Não sei se os meus leitores têm seguido o Público no que diz respeito à nova lei do divórcio, nomeadamente o que escreveram sobre isto no dia da comunicação do PR sobre o estatuto dos Açores. O perigo é que o jornal o faz com habilidade, condicionando muitos leitores.
11 agosto, 2008
Ainda o Público
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