Antes de falar sobre a Teresa e a Lena, umas considerações prévias. Ao contrário do modo anglo-americano, pragmático e partindo frequentemente do caso particular para o geral, nós, pelo menos os latinos, temos sempre uma atitude sistemática. Quero dizer com isto que temos dificuldade em olhar para o concreto, para o caso particular e daí partir para uma solução geral. Ficamos sempre à espera da grande lei, da grande reforma. Por isto, estamos sempre a fazer essa coisa inútil que é culpar o sistema. Contra isto, falo sempre da atitude à engenheiro. Se uma máquina está a trabalhar mal, não se revê todo o seu projecto, substitui-se é o parafuso ou o transístor que estão a funcionar mal.
O casamento de homossexuais, que tem toda a minha concordância, vai ficar encravado durante muito tempo em discussões políticas, considerações da oportunidade, equilíbrios partidários. A Teresa e a Lena, que vivem juntas, vão atirar uma pedrada ao charco. Vão-se apresentar numa conservatória do registo civil a requerer o seu casamento. Claro que lhes vai ser negado, com base no Código Civil. Daí passarão para o Tribunal Constitucional e, a seguir, para o Tribunal Europeu. Pode parecer um disparate quixotesco, mas todas as avalanches começam numa pequena bola de neve.
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