08 janeiro, 2006

Notas soltas

1. Desde há algum tempo que sou leitor habitual do blogue Bicho Carpinteiro, principalmente por causa dos escritos do meu velho amigo José Medeiros Ferreira. Agora, transformou-se num panegírico acrítico e inflamado da campanha de Mário Soares. Nele pontifica Joana Amaral Dias, cada dia mais irreconhecível como dirigente do BE.

Hoje creio que atingiu o máximo. Descredibiliza a última sondagem da Universidade Católica, que volta a colocar Alegre à frente de Soares. E descredibiliza com o argumento de que a sondagem é feita pela UCP, universidade em que ensina Cavaco Silva. A jovem senhora não percebe como isto é ofensivo para os profissionais sérios e competentes do centro de sondagens da UCP? Ou é porque "fazer fretes" é para ela coisa de somenos e banal?

2. Um pequeno facto mas elucidativo. Ontem, na campanha de Soares, os jovens gritavam "Belém é para um doutor, não para um professor". Demagogia, estupidez, mau gosto, ou tudo isso junto?

3. Ainda uma piada do Bicho Carpinteiro, sobre a entrevista da SIC a Manuel Alegre, por ele aparecer com a sua espingarda de caça. Fui pescador, mas nunca gostei de matar caça. Não importa. Há muitos milhares de portugueses apaixonados pela caça, coisa visceral da nossa civilização. Se a entrevista fosse comigo, achava muita graça a ser filmado com um taco de golfe, no fim do 18º buraco e antes de passar ao 19º na "club house" (sabem o que é?).

Mas isto tem a ver com a ideia com que fiquei dessa entrevista. Para mim, foi o melhor momento de Manuel Alegre. Descontraído, mostrando-se como pessoa até ao ponto critico em que, para além dele, é devassidão da intimidade. Mas, com isto, fiquei com uma dúvida. Será que a cultura e formação intelectual de Manuel Alegre lhe permite uma eficiência de campanha que, por natureza, vai contra a sua personalidade? Conseguirá ele dominar os rodriguinhos medíocres de uma campanha eleitoral? Lembro-me de outra grande personagem, Maria de Lurdes Pintasilgo. Pagou o preço da sua qualidade intelectual e ética.

4. Muito se tem escrito sobre os poderes presidenciais. Com graça, António Barreto lembra hoje mais um, o "chamar a Belém". Sampaio já chamou a Belém Souto Moura, os chefes militares, Marcelo Rebelo de Sousa, agora os participantes nisso que, para mim, é o escândalo EDP-Iberdola (hei-de escrever sobre isto). No entanto, é um "poder" que tem sido mal exercido. Excita a comunicação social, mas depois tudo fica opaco, nada se sabe sobre o que o PR concluiu. Era bom que fosse exercido só quando o PR está seguro de que, depois da chamada a Belém, pode fazer uma declaração pública com impacto.

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