06 dezembro, 2005

O debate Alegre-Cavaco

Dá que pensar, em registos diversos. Primeiro, morto por ter cão, morto por não o ter. De candidatos a PR, espera-se compostura, seriedade, sentido de Estado acima dos interesses imediatos. Creio que isto foi conseguido, por ambos. Mas, neste novo circo romano que é a TV, as pessoas esperam sangue. Nestes termos, dizem que o debate de ontem foi morno. Bem gostava que, deste ponto de vista, todos o fossem, mas não acredito. Para quem gostar das caneladas e entradas em falta, há um candidato exímio.

Li críticas a Manuel Alegre por não ter atacado Cavaco como perigo para a democracia. Um amigo que estava comigo disse-me: "mas não se vê logo que este homem tem cara de fascista?". M. Alegre teve razão em não entrar por este caminho.

Nestes debates, a técnica conta muito. Neste sentido, parece-me que Cavaco conseguiu, surpreendentemente para mim, minimizar a sua completa falta de telegenia e que, surpreendentemente, Alegre não a usou devidamente. Cavaco é mais alto, Alegre ofereceu-lhe isto, curvando-se. E, com isto, ninguém do seu staff lhe puxou para baixo o casaco, que aparecia sempre dobrado atrás do pescoço. Mais surpreendente foi o discurso. Cavaco tem péssima dicção e uma voz muito feia, o oposto de Alegre. Mas este não valorizou isto, com um discurso literariamente pobre e com uso frequente de bordões.

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