Leio hoje que está em formação um movimento cívico que se propõe intervir contra o marasmo da vida democrática por intermédio do apelo à abstenção. Estupidez! Onde é que já vi isto? Quando a 5ª divisão, em 1975, apelou ao voto em branco como significando falta de informação sobre as opções partidárias, com resultado ridiculamente nulo (o meu amigo e colega Ramiro Correia era de medicina, o que em geral se identifica com aversão à lógica matemática e ignorância do cálculo de probabilidades).
É óbvio que qualquer mensagem com reflexos eleitorais tem de ser perceptível em números, neste caso votos. Façamos algumas contas. Se este movimento pegar e se recolher adeptos até às próximas eleições legislativas, coisa de 9 meses, um tempo muito curto para fazer vingar uma ideia, admitamos que recolhe 20.000 adeptos, coisa muito considerável quando pensamos que um partido se constitui com 7500 assinaturas. Mas o que é isto em termos de abstenção, em termos de garantia de um “sound bite" na noite eleitoral? Andamos por volta de 40% de abstenções, cerca de 350.000 votos. Em que é que se nota o efeito do movimento abstencionista, menos de 10% da abstenção média, com uma expressão muito variável, que vai de 30 a 50% ou mais, conforme o tipo de eleição e a conjuntura política, social e económica? Tenham juízo e saibam alguma coisa de numeracia. Afinal, Bolonha e a sua tese das competências sempre têm razão.
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