15 dezembro, 2008

Análise política

Não sei se consigo ser isento ao escrever esta nota, devido a velha e forte amizade que me liga à pessoa que vou referir. Vou tentar. A blogosfera, para não falar na comunicação social convencional, está cheia de analistas políticos que prefiro designar apenas como comentadores políticos. Comentar pode ser coisa legítima de conversa de café, até com desabafos e expressões de alguma subjectividade. É perfeitamente legítimo, desde que as regras do jogo sejam claras, que os leitores saibam que estão em pé de igualdade com o autor: cada um exprime, escrevendo, lendo ou escrevendo comentários ao "post", opiniões que podem reflectir em muito identificações ideológicas e políticas, interesses, simpatias. 

Mais complicado é quando este tipo de intervenção, bem claro em muitos blogues, aparece com um outro nível, de análise isenta, mesmo que isto não seja a intenção dos autores. Para referir os dois blogues políticos "de referência", parece-me ser o caso do Causa nossa e do Abrupto.

Diferentemente, há um blogue (sem desmérito de outros) para que quero chamar a atenção, como exemplo de rigor de análise, de uma "exegese" política quase obsessivamente racional e metodologicamente científica, escalpelizando os assuntos até quase à provocação do confronto com coisas "evidentes" do pensamento dito de esquerda. E, note-se bem, sem qualquer traição a uma genuíno posicionamento de esquerda do autor. Estou a falar do Politeia, de José Manuel Correia Pinto. É minha leitura diária obrigatória. 

P. S. 1 - O problema é o JMCP ser muito teimoso e continuar a não incluir no seu "feed" um mínimo de conteúdo dos "posts". Por isto, não assino o "feed", tenho de ir sempre ao blogue.

P. S. 2 - Este Bloco de Notas era para encerramento já anunciado, mas continuo a escrever. Contingências da vida não me têm facultado tempo para a remodelação radical da minha intervenção internética. Espero que seja visível a abrir o ano.

5 comentários:

Anónimo disse...

Meu caro João

Muito obrigado pelo comentário. Ambos sabemos, por experiência própria, que se paga um alto preço pela liberdade de espírito. Mas que seria dos bens raros se não tivessem compradores?
abraço
CP

FJCoutinhoAlmeida disse...

Declaração de interesses: sou muito amigo do José Manuel Correia Pinto, o melhor aluno do meu curso de Direito em Coimbra (1962-1967), seguido por Vital Moreira, por António Hespanha e por Sinde Monteiro.
Foi colaborador de Ferrer Correia e provavelmente seria seu delfim, se tivesse querido seguir carreira académica.
Exerceu funções governativas em 1974-75.
Foi depois um Alto Quadro do Ministério dos N. Estrangeiros, no domínio da cooperação.
Aposentado, actualmente exerce funções docentes numa Universidade privada.

Subscrevo a opinião aqui expressa de que POLITEIA é um blogue de um rigor irrepreensível, embora não seja - e ainda bem - neutro.
Faz bem Correia Pinto em expor o seu pensamento, fundamentado naquelas bases científicas próprias das ciências sociais, como são especialmente a política, a filosofia e a economia.
Colore as suas opiniões com o lastro duma cultura geral vasta.
Merecia POLITEIA ser um blogue mais conhecido e comentado.
À atenção de Rolo Duarte: é altura de convidar JMCP para o seu programa radiofónico, aos domingos, ao meio-dia, na Antena 1.
Tenho muito orgulho neste minhoto, há muitos anos em Lisboa.
Correia Pinto, como diz P. Homem de Melo,
"Havemos de ir a Viana ..."

Anónimo disse...

Oh JVC! O Abrupto isento? Pacheco Pereira isento? Pode colocar outros adjectivos - inteligente, culto, inclusive objectivo - mas isento?
Bom ano!

JVC disse...

Sobre o último comentário: escrevi de forma pouco clara. O que queria dizer, obviamente, é que esses blogues pretendem apresentar-se como isentos. É claro que não estou a falar de isenção em termos de honestidade, de não tirar proveito pessoal de uma ligação política. falo é de independência ideológica e política, coisa que evidentemente JPP não tem em relação ao PSD nem, cada vez de forma mais evidente, VM de José Sócrates (nem é dependência do PS, como partido, mas sim seguidismo em relação ao governo Sócrates).

JVC disse...

Respeito os comentários anónimos, como aquele a que respondi, quando são de qualidade e presumo que há razões honestas para os comentadores não se identificarem. Tenho pena é de não poder contactar o comentador e eventualmente ter um boa conversa, mesmo privada.

Sugiro uma coisa que me parece razoável, se os comentadores acreditarem que respeitarei as razões do seu anonimato. Escrevam anónimos aqui no blog, mas mandem-me um mail pessoal, para eventualmente continuarmos a conversa em preivado. Este tema dos "isentos" é dos que me suscitariam uma discussão bem interessante!