29 dezembro, 2008

Bom para a banca, bom para a imprensa

Quando lia jornais portugueses em papel, saltava páginas e páginas cheias de anúncios de tudo o que é organismo público. Sempre pensei que era uma boa fonte de receitas para os jornais. Confirmo agora que representa mais de 10 milhões de euros. Vendo do outro lado do espelho, representa outro tanto de despesa dos contribuintes. Por isto, o Governo criou um portal na internet para publicação dos seus anúncios. Aplaudo, como não podia deixar de ser.

No entanto, há quem não esteja de acordo. Obviamente, a Associação Portuguesa de Imprensa (API). Afinal, não faz mais do que acompanhar, com justo direito, banqueiros, investidores de risco e outra gente respeitável que merece que o Estado (isto é, eu contribuinte e os meus leitores, mais uns tantos milhões) lhes garanta protecção contra qualquer prejuízo e mesmo contra a falência, coisa horrorosa dos malefícios do capitalismo que me deve envergonhar a mim e a todos nós no concerto das nações.

É claro que a API não pode rebater o argumento de que nenhum jornal é de “âmbito nacional”, como exigido na lei para os anúncios oficiais, que no total só são lido por duas centenas de milhar de pessoas e que nos tempos de hoje o acesso a tudo o que é gratuito na net é muito superior.
 
Não o podendo fazer, imagina uma proposta bem compatível com o novo híbrido ou monstro circense ("freak") de neoconservadorismo e de keynesianismo. "Tem que haver um período transitório em que a publicação seja feita também em papel, defende João Palmeiro (API), que reclama, numa fase posterior, a publicação nos sites jornalísticos em paralelo, e com custos idênticos, à publicação no Portal dos Anúncios Públicos. A um maior destaque no site das publicações jornalísticas corresponderia um custo suplementar."

Há gente com muita lata. Ou melhor, com muita falta de vergonha e com tal arrogância que julga que toda a gente é estúpida.

P. S. - Escrevi acima “quando lia jornais”. É verdade, já não leio. Quem me lê regularmente já encontrou aqui escritas razões suficientes para o meu porta-moedas não ser cúmplice com a mediocridade e incompetência da imprensa portuguesa.

3 comentários:

Pedro Aniceto disse...

...só são lido por duas centenas de milhar de pessoas e que nos tempos de hoje o acesso a tudo o que é gratuito na net é muito superior.

Não é verdade.

JVC disse...

Pedro, fiquei surpreendido com a tua afirmação, contra o que tenho lido. Podes explicar melhor?

Pedro Aniceto disse...

O facto de estar na net não quer dizer que seja superior. Porque "estar na net" não é nada se não foro localizável, referenciável com facilidade. Nem menciono a quantidade assombrosa de lixo factualmente errado que por aí encontras. Esse é o primeiro erro "Ah, vi na Net" como se isso fosse sinónimo de verdade. Um exemplo a respeito de media: Sabes qual é a quantidade média de pessoas que vê um canal de Cabo chamado SIC MUlher, um canal "dito" nacional? (Não te vou dizer, avança um palpite). Limitar a publicação à Web é um erro crasso que beneficia alguns em detrimento de muitos outros. Passei demasiados anos a lero DR...