O Público de hoje traz um número impressionante: este ano, 43 mortes de mulheres por violência doméstica. Extrapolando, quantos casos de agressões com consequências físicas importantes? Mais ainda, quantos casos de "ligeiras agressões" mas com enormes efeitos destrutivos?
Leio também uma coisa muito interessante, uma iniciativa da UMAR para envolver numa petição também os homens que se revoltam contra esta degradação do ser masculino. Boa ideia, generalizar uma luta que corre o risco de ser considerada, redutoramente, como feminista. É pena ainda não ver concretizada a iniciativa, vou ter de estar atento.
Isto faz-me pensar que a virtude pode ser perversa, isolando-nos do que tendemos a ver como distante de nós. Chegar sistematicamente a casa embriagado e bater na mulher? Tirar o cinto para a coça nos filhos? Infelicidades, mas não é comigo... Será que não?
Nota - Um pouco a despropósito, tenho bem para mim que, com uma excepção (um filho bebé que não podia compreender de outra forma que não podia enfiar os dedos na tomada), nunca bati num filho. Porquê, porque sou especial? Sim, sou especial porque tive pais especiais que, nos anos 40 e 50, não me batiam. Estas coisas herdam-se. Não tenho qualquer sinal de que os meus filhos tenham batido nos meus netos. E às vezes talvez precisassem, como quando o André me diz que não vale a pena discutir com o avô porque só tem caca de galinha na cabeça.
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