Vem hoje nos jornais e já recebi várias mensagens sobre um novo caso de autoritarismo do governo, a não recondução de Dalila Rodrigues (DR) como directora do Museu Nacional de Arte Antiga. Lamento, porque, como visitante fanático do museu, tenho visto o seu excelente trabalho. Mas não me parece que seja um caso comparável a outros, tipo DREN ou centro de saúde de Vieira do Minho.
Eu fui dirigente de um organismo da administração pública, conheço alguma coisa sobre as normas internacionais da "governance" e sei que há cargos em que "não se pode ter o bolo e comê-lo". Só com isto é que justifico as mordomias de alguns cargos, uma espécie de remuneração de riscos.
Muitas vezes, para cumprirmos o nosso programa, temos de impor condições, mas quem está acima é que tem a faca na mão. Se não as aceita, demitimo-nos, sem esperar por sermos demitidos. Um meu mandato não foi renovado, por razões que acho provincianamente lusas, mas não protesto, porque decidiu quem tinha o poder de decidir e que acarte com as responsabilidades para quando alguém quiser fazer a história dessa pequena história.
Respigo do Público declarações de DR: "Se o organismo que substituir o IPM continuar a prática de centralização e impedir a realização de um trabalho à altura do museu, terei de ponderar se vale a pena continuar." (...) "colocou publicamente duas condições que queria ver inscritas na nova lei orgânica do instituto: autonomia financeira para o museu e que o museu dependesse da ministra da Cultura e não estivesse integrado no instituto".
Eu até concordo inteiramente com DR e, apenas pela minha experiência de dirigente, claro que não de museus, teria escrito exactamente o mesmo. Mas, por isto mesmo, dou inteira razão ao director do Instituto Português dos Museus: "essas condições não encontraram acolhimento na nova lei, considerei que não deveria propor o início de uma nova comissão de serviço por mais três anos.". Mais, deveria ter sido a própria DR a declarar que, nestas condições, não estava disponível.
São as regras do jogo e "les jeux sont faits".
P. S. (3.8.2007) - Por uma vez, concordo com Vasco Pulido Valente (Correia Guedes): "Dalila Rodrigues, por muito que lhe custe, está obrigada à obediência e não é admissível que vá para os jornais censurar a ministra. Não lhe compete definir a política do ministério; e a administração pública não se tornou ainda numa instituição democrática. A dr.ª Pires de Lima tomou nota e, muito justamente, correu com ela. Misturar este caso com o "caso Charrua" ou com as denúncias no SNS, só serve para invalidar ou enfraquecer a crítica ao real autoritarismo de Sócrates." Se há coisa que me confrange é ver tiros nos pés,
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