27 novembro, 2006

O custo da Defesa

Nos últimos dias, tem sido muito comentado na blogosfera o peso que representa para o PIB a nossa despesa com a defesa, em comparação com outros países da UE. Sem repetir, vou tentar dar outras achegas.

Creio que a questão passa pela noção de defesa nacional, no quadro da UE. Não é credível a noção de defesa em relação a eventuais agressões indiscriminadas, mormente por parte de outros países comunitários, já vai longe Aljubarrota. Creio que a questão da defesa só se deve pôr hoje em termos da União. Assim, o peso dos custos da defesa de cada país membro seria ponderado em termos comparáveis aos das outras contribuições para a UE, com critérios de coesão.

É evidente que isto implica coisas bem difíceis: uma defesa comum e, logicamente, uma política externa comum. Com a moeda, são os maiores símbolos da soberania. A moeda nacional acabou e estamos a gostar. Não chegará o dia de virmos a gostar de ter uma política externa e um aparelho militar comuns? Nunca digo "desta água não beberei". E talvez prefira isto a outras formas ridículas de federalismo, desde as placas de matrícula dos automóveis ao rótulo das maçãs.

Outro aspecto é meramente interno, de desadequação às realidades militares actuais. Ainda temos hoje regimentos por todo o pais, como se não houvesse meios rápidos de projecção de tropas, ou baterias antiaéreas em tempos de disparo de mísseis por aviões a quilómetros de distância.

Fala-se também do excedente de quadros, muitas vezes pensando-se ainda na herança dos contingentes da guerra colonial. Não é verdade, basta fazer contas. A guerra colonial acabou há 32 anos. Mesmo os oficiais e sargentos então muito jovens estão hoje na casa dos sessenta e já passaram à reserva. O excesso de quadros foi posterior, por falta de uma política de adequação das Forças Armadas à situação pós-guerra. Em todo o caso, os excedentes não são só números, são homens e famílias. Que fazer com eles?

Nota final – O que escrevi não contradiz questões particulares de cada país, como sejam as relações diplomáticas especiais com os PALOP e encargos militares decorrentes da cooperação com esses países.

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