09 novembro, 2006

Maçonaria e Opus Dei

No Público de ontem, o juiz Pedro Mourão emitiu a opinião de que não devia ser permitida aos juízes a filiação em associações secretas, como a Maçonaria e o Opus Dei. Hoje, responde o grão-mestre António Reis, desmentindo que nas sociedades secretas haja compromissos violadores da isenção pessoal.

A ideia do referido juiz parece-me pecar por violação do direito constitucional da liberdade de associação, embora esse direito tenha limitações, como, por exemplo, o da filiação partidária dos militares. Mais importante, para mim, é a possibilidade legal de constituição de associações secretas ou, como eufemísticamente preferem, associações discretas. É inegável que, na sua origem, a maçonaria, movimento revolucionário, tinha de ser clandestina, como foi também, mais recentemente, no Portugal fascista. Já não compreendo que o mesmo se passe com o Opus Dei. Muito menos, em ambos os casos, em plena sociedade democrática.

Quem não deve não teme e mostra a cara. Se não, fica a suspeita de que deve. Deixo o meu testemunho pessoal. Há uns bons vinte anos, fui sondado para adesão ao GOL. Quem me contactou foi uma das pessoas mais inteligentemente cínicas que conheci. Conhecendo-me ele também, não fez nenhum discurso virtuoso, limitou-se a dizer que isso seria muito importante para a minha carreira (afinal, não me conhecia assim tão bem). E no Opus Dei? Diz o provérbio que não há fumo sem fogo. Vejamos um exemplo bem conhecido: Jardim Gonçalves, OD, escolheu como sucessor Paulo Teixeira Pinto, OD. Certamente, o actual presidente tem altas credenciais profissionais, mas a coincidência de OD terá sido completamente irrelevante?

No entanto, as solidariedades proteccionistas mais ou menos encobertas não se ficam por aqui. Um exemplo que testemunhei directamente é o dos antigos meninos da Luz. ao menos, não precisam de sinais secretos de identificação, basta o emblema da barretina na lapela.

1 comentário:

Anónimo disse...

Se 'e maligno nao deve estar conosco... se 'e benigno deve ser partilhado por todos.

Secretismos em democracia cheiram a esturro...