09 novembro, 2006

Dever de defesa

Ninguém me encomendou esta nota. Ou melhor, encomendou-a alguém a quem não posso negar nada, eu próprio, fiel aos deveres de rigor intelectual, de justiça e de amizade.

Há alguns dias, escrevendo no Público, Eduardo Prado Coelho (EPC), ao mesmo tempo que confessa o seu desconhecimento da blogosfera e de quem nela escreve, refere-se depreciativamente a Luís Aguiar-Conraria (LAC), um pobre diabo que, provavelmente, nunca leu os delírios de Derrida ou dos outros brilhantes exemplos da actual "filosofia" francesa.

O "A destreza das dúvidas" é, merecidamente, dos mais visitados blogues portugueses. EPC, cronista do Público, provavelmente não liga à economia e não lê o suplemento Dia D, com imperdíveis artigos de LAC, numa mistura excelente de humor e de exposição de temas económicos. E não é um amador, é doutorado em economia pela Universidade de Cornell e autor de trabalhos muito importantes.

Mas, em termos de gosto pela literatura, LAC tem outras credenciais. EPC não sabe de quem ele é filho. Ser filho de alguém tem importância quando presumimos logicamente que o pai deve ter exercido influência nos gostos e valores, como também aconteceu com EPC. LAC certamente leu muito e do melhor, por influência do seu pai, meu querido amigo e patrício, Cristóvão de Aguiar, romancista de grande mérito.

Decididamente, não há pachorra para aturar a "bolinha semiótica". No entanto, o Luís fica a dever-lhe um favor. Neste país de masoquistas, que, como eu, ainda lêem EPC, muitos leitores devem ter engordado a lista de visitantes do "A destreza das dúvidas".

2 comentários:

JVC disse...

Informaram-me que EPC sofre de uma doença grave. Eu também tenho maleitas e sou empático com todos os sofredores. Por isto, apagarei todos os comentários a esta entrada, que fica encerrada.

M.C.R. disse...

Ai é filho do Cristovão? Lembro-me bem dele, fomos amigos em coimbra. aliás a minha editora (minha e de mais cem...) editou-lhe o primeiro livro. Bons tempos. O cristovão é alem do mais um "gajo porreiro" se é que neste amaável blog se permitem plebeísmos destes.