Uderzo decidiu que Astérix vai continuar
Público, 10.01.2009, Carlos Pessoa
As aventuras de Astérix continuarão depois da morte de Uderzo, anunciaram ontem as Éditions Albert René, editor francês do herói. Esta empresa cedeu a autorização de publicar a série ao grupo Hachette, número um da edição em França que adquiriu recentemente 60 por cento da editora criada por Uderzo e pela filha de René Goscinny após a morte deste, em 1977. Durante muito tempo, o desenhador hesitou quanto à decisão a tomar, enquanto Anne Goscinny era favorável à continuidade do personagem. "É óptimo para Astérix", disse esta última à AFP, lembrando que o herói é um "notável sobrevivente" que foi prosseguido por Uderzo após a morte do seu pai. A decisão dos dois detentores dos direitos de autor do herói põe termo às especulações quanto ao futuro de Astérix após o negócio com a Hachette, que passou a controlar integralmente a vertente editorial do herói, assim como os direitos derivados do personagem.
P. S. - Quando estava na Suíça (1972-74) coleccionei no Le Monde um álbum do Astérix que perdi e de que já não recordo o nome. Ficou-me a memória de um dos mais espantosos desenhos que já vi: um cavalo que apanha meio metro à frente com um menhir atirado pelo Obélix. O cavalo está nem sei o quê, esbugalhado, siderado, tremente, fremente, esbaforido, a babar ranho medroso. Alguém me ajuda a localizar este desenho?
P. S. (11.1.2009) - Sim, ajudou-me José Carlos Santos (ver os comentários), permitindo-me publicar a tal imagem fantástica de "un caballo al borde de un ataque de niervos".
4 comentários:
Dentro de algumas horas terei acesso à minha colecção do Astérix e aí é quase certo que lhe respondo num instante. Entretanto, para ajudar outros a encontrarem a história em questão, o desenho é este. Encontrei-o fazendo uma busca no Google de imagens, mas a página que contém aquela figura não diz de que história se trata.
Levei mais do que «um instante» a encontrar a história, mas aqui vai: é n'O presente de César, quase no início, que aparece aquela imagem. O Obélix está a lançar menires porque está a treinar o cão a ir buscar as coisas que ele atira…
É isso mesmo, Le cadeau de César! Obrigado.
Já agora, porque falei da minha estadia na Suíça, em 73-74, lembro um programa da TV francesa ou suíça em que intervinham regularmente Goscinny e Uderzo. Inesquecível. E só tendo visto isso é que se percebe o grande esforço que Uderzo deve ter precisado de fazer para preencher a falta de Goscinny, a personificação do humor (e gordo como o Obélix!).
Uma das suas coisas geniais foi a capacidade de escrever para públicos diferentes. Muitas piadas tinham mesmo imensa piada para jovens pouco instruídos, por exemplo. Mas quando parodiavam citações históricas, por exemplo, eram impagáveis. É uma lista interminável de citações latinas bem conhecidas. Quando César, no circo, muito chateado, diz "toi aussi, mon fils" ao Brutus que aplaude estupidamente já não sei o quê, ou as múltiplas referências a nariz, a respeito de Cleópatra, ou a casa de retiro já não sei de quem que se chama Mon Répos, o nome da casa de campo de De Gaulle.
Ou o máximo de humor, na Volta à Gália, quando Obélix inventa o champanhe bruto, ao atirar a rolha contra os romanos e perguntando primeiro ao Astérix se devia atirar à bruta? E tantas mais!
O Asterix perdeu muito (muito mesmo) com a morte do Goscinny.
O Uderzo ainda conseguiu uma ou outra história dentro da "linha Goscinny" mas foi sol de pouca dura, não sendo eu um purista não nego também a desilusão que foram as últimas aventuras.
Já agora, envio-lhe os cumprimentos habituais nesta coisa da blogosfera (blá blá parabéns pelo blogue etc) venho aqui de vez em quando e tenho apreciado bastante (entre outras também) as suas notas gastronómicas.
Biríades Cartagulio
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