03 abril, 2008

Ensino profissionalizante

Referi-me há dias a um artigo do público sobre Bolonha. Incluía uma coisa importante mas que, infelizmente, ainda não está na agenda de Bolonha, o ensino terciário pré-grau, curto, essencialmente profissionalizante. Entre nós, é representado principalmente pelos CET, os cursos de especialização tecnológica.

Este tipo de ensino é um pilar fundamental do sistema educativo americano, o dos cursos dos “junior” ou “community colleges”, de 2 anos, excepcionalmente 3, orientados para a inserção imediata no mercado de trabalho mas com uma diversidade de percursos que permite a muitos alunos que o completam prosseguirem estudos universitários.

O Reino Unido foi um triste exemplo da importância deste tipo e nível de educação. Quando a Sra. Thatcher resolveu transformar os institutos politécnicos em universidades, criou-se um vazio. Os cursos aumentaram de duração, reduziu-se a procura, embora moderadamente, e, pela tendência para a deriva académica, muitos institutos passaram a imitar universidades, perdendo-se a sua vocação directamente profissionalizante. Anos depois, o mercado de trabalho passou a reclamar contra a falta dessa mão de obra com grande “know how”, de sentido prático, e os actuais “colleges for further education”, com os seus “foundation degrees”, têm hoje grande sucesso. Os seus estudantes já são 18% do escalão etário. Mesmo assim, ainda longe do recordista, o Japão, com 27%.

Na média dos países da OCDE, este ensino terciário profissionalizante abrande cerca de 9% dos jovens do respectivo escalão etário. É certo que ainda está longe dos 36% do ensino superior tradicional. Mas isto não justifica a satisfação mostrada pelo ministro, segundo o tal artigo do Público, por, em Dezembro de 2007, já estarem inscritos 4000 alunos em CET. Uma gota de água. Ao menos, o ministro diz uma coisa que me agrada, que a maioria dos CET estão a ser oferecidos por institutos politécnicos. Já muitas vezes escrevi que entendo que é essa uma das suas janelas de oportunidade e que seria uma aberração (coisas do financiamento) vermos as universidades a oferecer CET.

(OCDE, Education at a Glance 2007)

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