tag:blogger.com,1999:blog-35132848.post116376415091909088..comments2023-04-27T08:52:01.623+01:00Comments on Bloco de notas: O desconforto de se ser de esquerdaJVChttp://www.blogger.com/profile/04322454225891545940noreply@blogger.comBlogger4125tag:blogger.com,1999:blog-35132848.post-1164034789953803082006-11-20T14:59:00.000+00:002006-11-20T14:59:00.000+00:00Ainda sobre o comentário da Alfreda: embora ele af...Ainda sobre o comentário da Alfreda: embora ele aflore o tema, fica por desenvolver outra marca que julgo definidora da equerda, a defesa da democracia participativa, tema que nos foi tão querido, a ela, a mim e a muitos outros, nos tempos do infelizmente defunto MDP.JVChttps://www.blogger.com/profile/04322454225891545940noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-35132848.post-1164034603616733502006-11-20T14:56:00.000+00:002006-11-20T14:56:00.000+00:00A minha cara amiga Alfreda Cruz Viana está com dif...A minha cara amiga Alfreda Cruz Viana está com dificuldades em entrar um comentário, por não ter conta no Blogger (requisito deste blogue, para responsabilização dos comentadores). Mandou-me o texto, que vou inserir em seu nome, sem comentários meus a não ser o da manifestação de total concordância, coisa antiga entre nós. é longo, mas recomendo a leitura integral, como se segue.<BR/><BR/>Não resisto a confrontar o desconforto com que se assume uma consciência de esquerda com o sentimento que, na BD da Pública de 19 do corrente, o autor da dita imputa ao CD portador do Orçamento de Estado Português, que confessa o seu sentimento de uma culpa difusa a uma bicicleta que equipara o sentimento da esquerda à sensação de ela não gostar lá muito do que anda a fazer... Pois é.- conclui o interlocutor bem pensante e formatado no relativo conforto das novas tecnologias do nosso tempo - só se pode dar ao luxo de se ser frontalmente de esquerda quando se é uma bicicleta “todo o terreno”, porque senão o mais que cada um pode ser é ele próprio e a sua circunstância. Bem pode dizê-lo... Gasset não cobra direitos de autor...<BR/><BR/>Com esta sinopse da BD que me questionou nestes termos a partir do tabuleiro do meu café matinal de hoje, pretendo eu que nos perdoemos a nós próprios, senhores, a confusão com que estes tempos nos confrontam e não vale a pena esperarmos que essa confusão se desanuvie por entropia que lhe seja própria, porque o que está em causa não é diagnosticarmos os erros próprios e alheios praticados num passado comum - de geometria aliás variável... -, mas percebermos que só recriando os valores civilizacionais pertinentes com as causas da esquerda se pode enunciar um novo Contrato Social capaz de render aquele que nos últimos 2 séculos foi conformando as teorias sociais em que a esquerda muito justamente apostou, sem que entretanto se tenha dotado suficientemente de modus operandi capazes de conferirem eficácia ás correspondentes praxis. Que a democracia é o melhor de todos os governo, não se discute: o que se discute ou o que eu proponho a discussão é o perfil da democracia em que a esquerda deve apostar. Ao menos para acabar com o desconforto...<BR/><BR/>Há cerca de um mês a FCG questionou “ que valores para o nosso tempo”, perante um auditório aberto ao contacto com alguns dos pensadores de referência da actualidade que não falaram de esquerda nem de direita, mas de crise de valores e do valor da crise, na perspectiva de que a história pode não ter chegado ao fim, mas é bem possível ser necessário partir para outra, a partir da reconfiguração das problemáticas do sujeito, da racionalidade, da objectividade, da verdade e do poder, lidando com o atomismo de que se revestem as praxis individuais, comunitárias e societais que servem de lastro ou de pretexto a tensões irredutíveis entre as lógicas dos interesses vs. do bem comum, por um lado, e do imediatismo vs.longo prazo, por outro. <BR/><BR/>Esta foi pelo menos a minha leitura, mas as comunicações estão no site. Podem ser confrontadas. <BR/>O desafio que se coloca aos senhores que decidem da paz e da guerra deslumbrados com as posições que ocupam na hierarquia dos poderes que detêm perante os seus concidadãos ou súbditos, conforme os perfis das “constituições” que os regem, parece ser cada vez mais o de ter de optar entre a tecnologia pura e dura que a razão instrumental valida e a racionalidade que submeta o seu uso à preservação da vida tal qual se possa viver com qualidade q. b., o que passa por contrariar o esplendor do caos que é o modo de globalização formatador das regras universais do nosso descontentamento. À crença de que o património tecnológico e o crescendo do seu desenvolvimento têm poder q.b. para tornar reversíveis os cataclismos naturais e aqueles que possam ter sido duravelmente desencadeados chamou um dos autores (J.PIERRE DUPUY) na esteira de Hanna Arendt, a tentação do orgulho. Orgulho espúrio, portanto, dadas as circunstâncias com que o mundo de hoje se defronta, em desgaste facilmente apreensível durante a duração da vida humana, cada vez mais confrontada com previsões mais ou menos apocalípticas que a situam entre o caos e a catástrofe, enquanto o futuro da humanidade e já agora da própria vida, se esta não vier a ser objecto de uma ética apropriada a defendê-la. <BR/><BR/>O que esquerda pode e deve garantir em todos os contextos em que actua é contextualizar as suas inalienáveis consignas de liberdade, igualdade e fraternidade nessa ética e na da criação de uma sociedade em que todos possam ser sujeitos assumidos e, mais do que isso, possam ser cidadãos de todos os espaços que habitam, das polis à ecúmena, do local ao global, do real ao virtual. Parece fácil, mas não é porque o que está em causa é a universalização concreta do direito à cidadania. E para isso é preciso que se subscreva e se pugne por modos de lhe darem consistência assumindo aquilo que John Keane, na passagem por Lisboa, chamou, na esteira de Dahl, uma democracia praticada como modo de vida, a partir dum funcionamento poliárquico que contraponha á vertente de representatividade, a da participação cidadã. O que está em causa é universalização do empowerment, como modo de desalienação e este é o novo nome da liberdade. Do que precisamos então é de políticas públicas que apostem nisso, na poliarquia instrumental do modo de produção de uma cidadania extensiva como direito social e como bem público. Assim teremos forma de concretizar a igualdade, a fraternidade e a liberdade em todas as suas declinações possíveis. E isso é, como bem sugeres, o nó górdio da consciência de esquerda – ainda que esta não parta de um “modo todo-o-terreno” de o ser...<BR/><BR/>E se a direita vier então a invocar os mesmos desígnios quando a sua representatividade parlamentar for confrontada com essa componente humilde da democracia emergente de uma participação adulta na res pública – e só o será quando a cidadania souber e puder ocupar as arenas decisionais – então a incomodidade será da direita...mas isso já não nos diz respeito!JVChttps://www.blogger.com/profile/04322454225891545940noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-35132848.post-1163865353703016922006-11-18T15:55:00.000+00:002006-11-18T15:55:00.000+00:00Escrever coisas muito sérias no espaço de um blogu...Escrever coisas muito sérias no espaço de um blogue é um grande risco. O máximo que se pode pretender é lançar uma discussão. <BR/><BR/>Pode paracer paradoxal, se atenderem apenas a discordâncias aparentes, mas subscrevo tudo que o MCR escreveu. Realço o que se refere ao PCP. Creio que é verdade o que escrevi, mas o texto do MRC sobre o que todos comiam é inteiramente justo.<BR/><BR/>A minha redacção queria principalmente chaamr a atenção para a necessiade de não identificarmos toda a oposição (toda respeitável) com esquerda.<BR/><BR/>O MCR mete-se por caminhos "perigosos", em relação à visão ultra-pós-moderna do multiculturalismo. Inteirmente de acordo.<BR/><BR/>A referência a náufragos só se entende se lida uma versão prévia desta entrada. Escrevi órfãos, ele contrapôs náufragos. Estou de acordo, embora ambas as palavras exprimam a mesma tristeza e desconforto. <BR/><BR/>Quando relativizei algumas posições definidoras de esquerda, pretendi, provavelmente sem êxito, esclarecer que podiam ser partilhadas por pessoas de direita mas não pela direita, como corrente. Até pus em itálico que a diferença era de não serem <I>estruturantes</I> do pensamento de direita.JVChttps://www.blogger.com/profile/04322454225891545940noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-35132848.post-1163864022773144262006-11-18T15:33:00.000+00:002006-11-18T15:33:00.000+00:00eu estava á espera de ter de me pôr na bicha para ...eu estava á espera de ter de me pôr na bicha para comentar este texto. Porque tinha a ideia de que um texto tão rico, tão aberto à discussão, poderia suscitar uma onda de comentários. Claro que hoje é sábado e há muito boa gente que encerrou o quiosque e vai mas é para a beira mar, apanhar sol se o houver ou ler os jornais. <BR/>Entretanto, e a propósito da próxima publicação deste texto e de uma expressão do Autor (órfãos da esquerda") eu tinha arranjado uma primeira distinção: para mim do que se trata é de "naufragos" da esquerda. Isto é a esquerda não está morta mas meteu água por todo o lado e alguns dos membros da equipagem safaram-se a nado para uma ilha deserta onde tentam reconstruir alguma coisa. <BR/>E isto porque apetece pegar logo na ideia da recusa do fim da história. Quem ainda é de esquerda recusa,e bem, o fim da distinção esquerda e direita.<BR/>O mal deste texto é que abre a discussão mas também a vai fechando. Bem! Por exemplo na recusa de se confinar o pensamento de esquerda à segurança em confronto com a liberdade. Porque a esquerda tem a sua raíz na liberdade, e no direito de pensar diferente e de não deixar que essa pequena heterodoxia seja punida por filisteus ou zelotas.<BR/>Já discordo do João no ponto em que, uma vez enumerados os valores essenciais, ou alguns deles pelo menos, da esquerda, ele entenda que há uma direita que também os defende ou defende alguns deles. Não consigo ver isso nas direitas que se assumem como tal (nem crença optimista no processo histórico e muito menos na solidariedade com os povos menos desenvolvidos). Neste ponto até penso que a direita é cada vez mais rapace em relação a eles quer porque se recusa a solidarizar-se quer porque se protege com barreiras alfandegárias, pautas aduaneiras e fronteiras fechadas. Veja-se o famoso muro nos EUA junto da fronteira mexicana ou a protecçãio agrícola da UE em detrimento de produtos exportados pelo terceiro mundo.<BR/>Tambem não estou "totalmente" de acordo com a caracterização da oposição à ditadura salazarista. De facto, nessa época, que partillhei com o Autor, o simples facto de ser contra pedia tal coragem e tal sacrifício que não tornava necessário ser sequer "compagnon de route" do comunismo. O regime encarregava-se de pôr tudo no mesmo saco e perseguir todos os que pensavam diferentemente. Ou seja: o regime atirava para a esquerda todos quantos não eram activamente por ele. Claro que dentro do campo oposicionista havia distinções, mas quando se tratava de ir para a cadeia, ser perseguido no emprego ou nas mais simples aspirações todos apanhavam a eito. <BR/>É verdade, como o A. diz, que houve muitas vezes políticas sectárias do PC que terão afastado oposicionistas das campanhas unitárias a todo o custo. Ninguém gosta de ser controlado ou instrumentalizado. Mas não é menos verdade que se não fosse apesar de tudo existir na oposição em geral um certo sentimento de solidariedade nunca o PC teria tido a força e a influência que teve. Sou boa testemunha porque nunca estive no PC. <BR/>Continuo a pensar que o capitalismo pode ser evitável ou pelo menos controlável nos seus efeitos mais deletérios. Isto não é ser cegamente anti-capitalista. É apenas ter a ideia de que nem tudo se reduz ao mercado. Foi assim que apareceu o conceito de social -democracia. <BR/>E digam o que disserem há diferenças entre a prática económica e social dos EUA e da Noruega ou da Suécia mesmo que ocasionalmente aqui apareçam governos de direita. <BR/>Claro que com o andar dos tempos apareceram modos de estar políticos e sociais que alinham a esquerda com confusas teorias que passam pela exportação cega da democracia ocidental ou com a aceitação igualmente cega do multiuculturalismo. Eu não acho que seja de esquerda a aceitação acéfala (como é) de práticas primitivas. Por exemplo: lá porque em sociedades africanas existe a ablação do clitoris não vejo porque é que a devemos permitir entre os emigrantes africanos instalados na Europa. Identicamente não vejo porque é que a Europa há-de permitir dentro das suas fronteiras o véu islãmico, o repúdio da mulher pelo marido ou a charia muçulmana. As leis da "república" aplicam-se a todos e os emigrantes não podem ter um pé em cada lado do mediterrâneo. <BR/>Fico por aqui á espera de mais contrincantes com quem discutir. <BR/>convem finalmente agradecer ao JVC esta oportunidade de agitar as águas.M.C.R.https://www.blogger.com/profile/11876657123374239939noreply@blogger.com